Alexandre Feu Rosa
Residência, Salvador-BA - article en Portugais
o arquiteto volta para casa
Depois de ficar afastado da profissão por cerca de quatro anos, Alexandre Feu Rosa voltou a exercer
a arquitetura com este projeto para sua própria residência. O aproveitamento do lote, cujo perfil topográfico é delicado, e as soluções aplicadas na planta mostram um profissional maduro e com hábil domínio dos requisitos da arquitetura.
A casa está implantada em terreno de 1.950 m2, que se caracteriza por acentuado aclive no sentido transversal e integra condomínio densamente arborizado, na região central de Salvador. Para aplicar a solução imaginada foi necessário fazer um corte na cota média do lote - em torno de 5 m acima da rua. Essa intervenção possibilitou distribuir as partes social e íntima no mesmo nível, à altura da copa das árvores existentes.
No patamar mais baixo do terreno, o pavimento de acesso abriga garagens, área de serviço e, com iluminação proveniente do jardim frontal, uma sala/vestíbulo, de onde uma escada conduz ao pavimento superior. "A partir dessa sala, a vegetação se descortina progressivamente, através de um prisma de vidro, à medida que se percorre a escada - um emergir", descreve o autor. No pavimento superior, a natureza abraça inteiramente a casa: na direção da rua, a copa das árvores; ao fundo, a encosta contida por uma parede de pedras.
source:arcoweb
A construção, cuja forma aproxima-se de um triângulo, está afastada 9 m do limite da rua e tem suas funções organizadas ao longo de dois eixos dessa figura geométrica. Estar e cozinha se aproximam do eixo frontal da rua. Os dormitórios situam-se em sentido perpendicular a esse ponto. A terceira parte do triângulo, paralelo ao aclive do terreno, reúne uma grande varanda e a sala principal. A interrupção na linha de cobertura dessa varanda foi feita com o objetivo de aproximar a piscina do interior da casa.
Um extenso painel de vidro jateado ilumina a galeria de acesso aos dormitórios e separa-a da varanda, garantindo privacidade. No fundo da galeria, dois grandes painéis pivotantes - um de vidro jateado e outro de madeira -, quando abertos, unem visualmente dois extremos da casa: cozinha e dormitório do casal, numa relação inesperada.
Durante o dia, a luz natural perpassa os painéis envidraçados e, com generosidade, ilumina todas as atividades desenvolvidas na residência. À noite, a situação se inverte: luz interna projeta-se para o exterior. "A galeria de acesso aos dormitórios transforma-se então numa imensa placa luminosa e o vedo da escada principal transmuta-se numa caixa de luz", explica Feu Rosa.
Texto resumido a partir de reportagem
de Adilson Melendez
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 254 Abril 2001