Musée de microbiologie - marcio kogan architect - sao paulo
(article en portugais)
Construído com verba escassa, o pequeno volume que abriga o museu ocupa o esqueleto de um refeitório desativado, construído nos anos 1970.
Cercado por mata nativa e distante dos outros blocos do instituto, o museu teve seu desenho limitado pela antiga construção, que possuía algumas características modernas, como grandes panos de vidro, estrutura modulada de concreto e pérgula. No entanto, isso não prejudicou o resultado final, cuja qualidade foi premiada mais de uma vez pelo IAB-SP e pela Asbea.
O arquiteto Márcio Kogan, um purista conhecido pelo requinte de seus projetos, sensibilizou-se com o programa e fez (invisíveis) concessões, devido à relativa penúria do orçamento: O desenho da planta, com aqueles ângulos, eu jamais faria, mas tive de manter, diz. Diante da ruína de concreto, Kogan realizou poucas e precisas modificações.
O volume foi envelopado por um ripado de ipê natural, criando uma segunda pele para o edifício.
Outro ripado, mais baixo e mais escuro do que o primeiro (em ipê-tabaco), limita um pátio interno com piso de mosaico português branco, no meio do bosque natural. Os caixilhos foram trocados e o setor de ambientes herméticos foi fechado com alvenaria de massa grossa desempenada pintada de branco. A qualidade do projeto está justamente no contraste do peso e da opacidade do volume branco com a leveza e a transparência do rendilhado de madeira.
O programa tem três espaços principais: exposições permanentes, laboratório e auditório.
No primeiro, o maior deles, estão dispostos modelos tridimensionais de bactérias, vírus e protozoários, ampliados em acrílico. Ali os visitantes também podem ver, por exemplo, uma maquete do vírus da aids. Em alguns detalhes do projeto o arquiteto fez referências às atividades do museu, como no piso de granilite, que possui pequenos desenhos de bactérias.
Mas o que mais chama a atenção é um grande painel de vidro iluminado (por trás) onde foi impresso o código genético da Xylella fastidiosa (a praga da amarelinha, que ataca plantações de citros), primeiro patógeno vegetal que teve DNA seqüenciado no Brasil - um dos maiores feitos científicos brasileiros, com repercussão mundial.
O segundo espaço é considerado o coração do museu. Trata-se do laboratório, montado com verba da Fapesp (fundação estadual de apoio à pesquisa) e destinado a alunos do ensino médio. Com o auxílio de monitores, os secundaristas fazem os experimentos - em equipamentos a que difícilmente teriam acesso - e retornam, em outro dia, para ver os resultados. O laboratório pode receber 15 estudantes simultaneamente.
O terceiro ambiente é um pequeno auditório com cadeiras coloridas, onde são projetados vídeos sobre microbiologia.
Neste projeto, o desenho contemporâneo de Kogan une, com qualidade, dois requisitos: a economia de volumes e a racionalização de custos.
Texto resumido a partir de reportagem
de Fernando Serapião
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 276 Fevereiro 2003
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